terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Comentários e a seleção do Brasileiro

O Corinthians ergue a taça/Reprodução da internet
No ano passado, a grande história do Campeonato Brasileiro foi a do Fluminense. O time tricolor que arrancou da sarjeta em 2009 para o título de 2010 comandado por um meia incansável, um enganche chamado Dario Conca, que jogou todas as partidas. Neste ano, o Brasileiro foi muito atípico. O craque da vez ficou muito longe da disputa do título. Neymar foi inegavelmente o grande jogador da competição talvez com o Dedé ficando ali com o vice-campeonato (sem qualquer provocação, por favor, não estou em boteco).

Não existe campeão injusto nos pontos corridos. Logo o Corinthians mereceu levantar a taça e sua vitória ficou até mais simpática como uma forma de homenagem a Sócrates, um craque em tudo o que fez. Um craque que mesmo após conquistar um título pelo Corinthians declarou: "Ganhar ou perder, mas sempre com democracia". Mais condizente com o que este blogueiro pensa sobre o esporte e a vida, impossível.

O Corinthians que me dê licença, no entanto, mas a grande história do ano foi a do Vasco. Imagine um time que começou o ano com o pior início de Campeonato Estadual (aquele torneio de bairro que insistem em valorizar) de sua história. Quatro derrotas seguidas, técnico demitido (PC Gusmão), estrela do time afastada (Felipe), e o caos instalado. Uma nau sem rumo.

Veio Ricardo Gomes e tudo mudou. Com um time valente, operário e com alguns lances de técnica e um zagueiro que se consolidava como o melhor do Brasil, o Vasco se reconstruiu do horror para a glória. Sim, o time foi vice-campeão brasileiro, não conseguiu conquistar o título, mas o que importa?

O que importa é que o Vasco voltou a ser protagonista. Que se reergueu ainda no torneio de bairros para ser campeão nacional de novo. A conquista da Copa do Brasil foi um marco. Foi quando pensaram: agora o Vasco vai relaxar como todos fazem, afinal já está na Libertadores.

Não relaxou. Jogou com seriedade até o fim e só sucumbiu no Brasileiro e na Copa Sul-Americana no final. Superou até a doença de Ricardo Gomes, que sofreu um Acidente Vascular Encefálico (AVE) no final do primeiro turno. Cristóvão Borges, o auxiliar, assumiu e manteve o trabalho vencedor. Somente um time pode ser campeão. O Vasco não teve como levantar a taça no final, mas foi o grande vencedor da temporada e o melhor time carioca disparado mesmo diante de um Flamengo e um Fluminense com muitas estrelas e pouco futebol, apesar da boa arrancada tricolor no segundo turno.

Dito isso, vamos à minha seleção do Campeonato Brasileiro:

Goleiro: Júlio César (Corinthians) – Fernando Prass jogou todos os jogos e fez um grande campeonato pelo Vasco, mas este goleiro de 27 anos, o único do time campeão formado na base, é um dos principais responsáveis pelo pentacampeonato do Timão. Foram grandes defesas e muitos pontos garantidos que foram decisivos na reta final.

Lateral-direito: Fágner (Vasco) – Confesso que escolher os laterais da minha seleção foi muito, mas muito difícil. Não vi tanto assim o Figueirense jogar (uns cinco jogos no máximo) para chegar aqui e dar uma de gato mestre e dizer: Bruno na direita e Juninho na esquerda. Não dava para votar em jogador de um time que eu pouco vi. Na direita resolvi ficar com o jogador do Vasco pelas boas partidas que ele realizou no campeonato, pela absoluta falta de concorrência e pela minha falta de visão para observar melhor os jogos do Figueirense.

Dedé, o melhor zagueiro do Brasileiro/Divulgação
Dupla de zaga: Dedé (Vasco) e Antônio Carlos (Botafogo) – Dedé é uma unanimidade e a sua presença não se discute. O seu companheiro aqui poderia muito bem ter sido o Anderson Martins se ele não tivesse preferido ir para o chamado “mundo árabe”. Assim eu fiquei com um problema na zaga. Quem escalar? Nenhum zagueiro me inspirou muita confiança. Pensei no Chicão. Fez um bom início de campeonato pelo Corinthians, caiu de produção, foi afastado, barrado, mas voltou a tempo de erguer a taça. Ainda assim não era o ideal. Acabei jogando a camisa para o alto e quem pegou foi o Antônio Carlos, que não fez um mau campeonato e marcou alguns gols importantes pelo Botafogo.

Lateral-esquerdo: Cortês (Botafogo) – Pelos mesmos motivos listados no texto do lateral-direito, me faltaram opções. Acho que no cômputo geral Cortês fez um bom campeonato, embora tenha caído muito de produção na reta final junto com todo o time do Botafogo. Mas foi uma revelação do Brasileiro e vai pegar a camisa seis do meu scratch.

Dupla de volantes: Paulinho (Corinthians) e Rômulo (Vasco) – Volante é o que não falta nesse país. Volante que saiba jogar, mais ou menos. Mas os dois que entraram aqui na minha seleção fazem parte deste segundo time. Paulinho talvez tenha sido o grande nome do Corinthians campeão. É dessas unanimidades do campeonato. Rômulo também fez uma grande competição e na minha avaliação ganha a vaga que poderia muito bem também ser ocupada por Arouca (Santos), Ralf (Corinthians) ou Renato (Botafogo).

Felipe jogou muito/Divulgação
Dupla de meias: Felipe (Vasco) e Ronaldinho (Flamengo) – Esqueça o Ronaldinho que se arrastou na reta final. Lembre-se do craque que estava fazendo a diferença a favor do Flamengo e chegou a colocar o time rubro-negro na rota do título. A equipe desandou, é verdade, mas Ronaldinho com seus gols e seus passes precisos fez o Fla sonhar. Teve atuações de gala como naquele histórico 5 x 4 contra o Santos e merece um lugar neste seleção, principalmente numa posição em que não houve um único destaque em todo o campeonato. Ao seu lado, um maestro. Felipe jogou muito neste Brasileiro e merece estar na seleção por tudo o que fez ao Vasco, levando o time até o fim a disputar o título.

Ataque: Neymar (Santos) e Fred (Fluminense) – Qualquer um pode gritar. Borges (Santos) foi o artilheiro do campeonato sim, mas não vai entrar na minha seleção. Minha dupla tem a marca do craque do Santos, o melhor jogador do campeonato, e o artilheiro tricolor que se mostrou decisivo na reta final do Brasileiro e terminou apenas um gol atrás do atacante santista. Antes de Borges, Leandro Damião (Internacional) poderia ter entrado nesta festa, mas sua lesão na reta final o fez perder terreno para Fred e seus gols que chegaram a colocar o Flu na disputa do bicampeonato.
Fred, o vice-artilheiro do Brasileiro/Photocamera

Técnico: Ricardo Gomes e Cristóvão Borges – Tite fez um excelente trabalho no Corinthians, Jorginho foi a grande surpresa no Figueirense, mas a dupla do Vasco tirou leite de pedra. Basta rever alguns jogos do time para ver como Cristóvão mudava a escalação de acordo com o adversário e os jogadores se adaptavam e conseguiam surpreender os adversários. O time chegou na reta final bem treinado e jogando com alma, mérito da dupla que fez o Vasco renascer na temporada.

Concluindo – Então a seleção do Brasileiro ficou assim: Júlio César (Corinthians), Fágner (Vaco), Dedé (Vasco), Antônio Carlos (Botafogo) e Cortês (Botafogo); Paulinho (Corinthians), Rômulo (Vasco), Felipe (Vasco) e Ronaldinho (Flamengo); Neymar (Santos) e Fred (Fluminense). Técnico: Ricardo Gomes e Cristóvão Borges. Em relação ao time do ano passado, apenas o zagueiro Dedé está presente.

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